quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cláudia Abreu vai brilhar muito

Chayene é primeira cantora de tecnobrega e segunda vilã na carreira da atriz

Uma entidade. É assim que Cláudia Abreu se refere a Chayene, sua personagem em “Cheias de Charme”, novela das sete que estreia amanhã. Já para Felipa, a filha de 5 anos da atriz, Chayene é uma Barbie. Com o olhar encantado, a menina acompanha a mãe nos bastidores da Globo, enquanto ela tira as unhas postiças enormes coladas e arrancadas a cada fim de gravação. Assim como os vestidos, saltos e acessórios imensos e até uma pedrinha de strass colada na pinta que tem no queixo.

Assim que a atriz se despe da perua, o figurino exuberante e exagerado dá lugar ao vestido larguinho e à sandália rasteira. De Chayene, sobra o cabelo. Cláudia está com os fios compridos e enrolados à custa de babyliss e aplique descartável. Ela se mostra tímida, fala baixo. Mas a timidez some quando começa a contar as peripécias de sua nova personagem.

Artista e vilã
Chayene é uma cantora de tecnobrega e também uma vilã, a segunda no currículo da atriz. A primeira foi Laura Prudente da Costa, que amealhou ódio e admiração em “Celebridade”, novela de Gilberto Braga exibida em 2006. Esta malvada, porém, não tem a carga dramática pesada da anterior.

“Chayene é uma aprendiz de Laura”, diz Cláudia. “Ela é histriônica, divertida, sem noção. Não chegaria a matar para se dar bem. O negócio dela é só não perder o que tem, o que conquistou. Laura era motivada por vingança, esta quer se manter no topo.”

Dois bebês
Não à toa, quando Cláudia recebeu a sinopse de “Cheias de Charme”, há quase dois anos, se apaixonou pela cantora de eletroforró. Só queria fazer a novela se o papel fosse dela. “É diferente de tudo o que já fiz na minha carreira. Eu queria algo divertido neste momento em que estou com dois bebês”, continua a atriz. “Nada muito dramático, que me deixasse um trapo, exausta emocionalmente. Chayene, ao contrário, me bota para cima, me dá energia. Volto feliz para casa.”

Cláudia, que começou na carreira aos 15 anos, brinca que, na última década, praticamente só pariu: “Tive quatro filhos, né? E gosto de ser mãe de verdade, dar mamadeira, levar e buscar no colégio. Estou sempre presente.”
Enquanto Felipa acha o máximo vê-la em figurinos que Cláudia jamais usaria, Maria, a mais velha, de 11 anos, está preocupada com o visual extravagante da mãe. Ela acha meio mico aquela gama de informações exageradas que Chayene adora desfilar. Os meninos são muito novinhos ainda. José Joaquim, tem pouco mais de um ano. E Pedro Henrique, apenas cinco meses.

Em benefício da prole, Cláudia abriu mão de alguns trabalhos nos últimos tempos. Um deles foi a Giovana da série “Louco por Elas”, que acabou ficando com Deborah Secco. “ Quando fiz a primeira leitura, já estava grávida e avisei logo, porque não queria deixar ninguém na mão. Se coubesse uma mulher grávida na história, daria para fazer”, conta a atriz. “Mas aí a produção ficou para uma outra época e eu com um bebezinho. Agora não. Chayene chegou quando meu filho ainda está pequenininho e os outros ainda precisam muito de mim. Mas era uma escolha. Poderia não fazê-la agora e, depois, quando voltasse a trabalhar, não conseguir uma personagem tão bacana quanto esta.”

Rainha absoluta
Na história de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, Chayene é a rainha absoluta do eletroforró ou a rainha das empregadas domésticas, como é conhecida. Quer dizer, foi. Porque, apesar de vender discos, ter jatinho, dinheiro e tudo o mais, a carreira meteórica da moça parece estar em rota de colisão. De índole duvidosa, amoral e sem noção, a cantora conta com a devoção cega do secretário Laércio (Luiz Henrique Nogueira), seu maior fã e ex-marido. Foi ele quem descobriu o talento de Chayene e a catapultou para a fama. E ela deu o maior fora nele quando virou um sucesso.
“Chayene não tem nexo com ela mesma, só se reconhece como celebridade. Mas o interessante é quando começa a perder tudo isso. Ela não aceita e tenta de tudo para se manter no salto, no primeiro lugar das paradas. No fim das contas, é triste essa percepção de que não se tem nada além de uma fantasia”, fala Cláudia.

Canto aprovado
A atriz solta a voz e canta de verdade em cena: “Já tinha uma noção de canto, pelos estudos, por outros trabalhos que fiz. Fizemos uma audição antes das gravações e percebemos que dava para cantar. Acho que fica mais verdadeiro. Mas dá trabalho, viu? E um nervosismo também. Quando me disseram que eu iria me apresentar ao lado da Gaby Amarantos, aquela superentidade de quase dois metros, no evento de apresentação da nova programação da Globo, disse: ‘Vocês estão me jogando aos leões’!” (risos).

Gaby Amarantos, a rainha do tecnobrega, diz que Cláudia passou no teste: “ Ela está cantando muito bem!”

Para tentar manter a carreira em alta, Chayene cobra um favor de Fabian (Ricardo Tozzi), o príncipe das domésticas, um cantor sertanejo. Apesar de ter a cantora como a sua madrinha musical, Fabian morre de medo de ver sua imagem associada à dela. Mas, como boa vilã que é, a forrozeira tem um trunfo guardado contra o cantor e o ameaça. Sem saída, Fabian aceita que apareçam na mídia como namorados. “Se ela sente que a carreira está indo para o ralo, é capaz de fazer qualquer coisa”, afirma a atriz.

Cláudia garante que não se inspirou em ninguém do meio musical, apesar de ter conversado bastante com a própria Gaby e com Joelma, da banda Calypso. “Foram esclarecedores esses papos. Chayene não tem o compromisso de ser uma diva da voz. Ela é muito mais uma personalidade, como tantas que a gente vê por aí, que nem sempre são cantoras incríveis, mas têm um carisma que supera qualquer outra coisa.”

Mulher clássica
Casada há 15 anos com o cineasta José Henrique Fonseca, Cláudia brinca que é uma mulher clássica. Afinal, manter um relacionamento tão duradouro num meio em que as separações são quase clichês é coisa que não é para amadores. Qual seria a receita? “Não existe fórmula. Não planejei ter quatro filhos ou um casamento tão duradouro”, responde ela, que é formada em Filosofia. “Na vida existem encontros e esse valeu a pena, está valendo. Valeu a pena formar uma família grande porque a relação comportou isso. Agora é continuar cuidando disso, para que continue sendo bom.”

Para ajudar a atriz a cuidar dessa numerosa família, ela conta com motorista, babás e, recentemente, com um reforço que ela considera um anjo da guarda. “É a Biga, que trabalhou muitos anos com a minha tia e veio trabalhar comigo. Tenho profundo respeito por essas mulheres que deixam sua vida, sua casa e seus filhos para cuidar de outras famílias. É uma via de mão dupla”, comenta. “Você precisa delas e elas, de você. O bacana é ter essa harmonia em casa. Tem de haver muito carinho nessa relação.” Sobre ter mais filhos, ela diz que encerrou a produção. “Ah, fechei, né? Quero dar conta dos que coloquei no mundo.”
 
 
Fonte: diariosp

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